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09 junho 2011

INOVAÇÃO - O coneito de "pivot" para as startups

A palavra pivot tem sido bastante usada pela comunidade empreendedora do Vale do Silício nos últimos dois anos, e os brasileiros costumam usar "pivotar". O significado de pivot para uma startup, apesar de simples de explicar, é uma tática de negócios importante que pode definir se o projeto irá morrer ou crescer.



Para uma startup, a analogia mais representativa é o jogador de basquete: ele rapidamente para a jogada, mantém uma das pernas fixas, observa e gira em torno do seu eixo para explorar diferentes opções de passe. Esse é o conceito do pivot em uma startup: girar em outra direção e testar novas hipóteses, mas mantendo sua base para não perder a posição já conquistada.

Existem diversos exemplos interessantes de pivot, mas dois são bastante conhecidos:

1) o Paypal começou como uma empresa de troca de dinheiro virtual entre dispositivos handheld (você se lembra do Palm? Era a plataforma que eles usavam). Com o tempo, os fundadores perceberam que seu serviço estava mesmo nos micropagamentos e na troca de dinheiro via web.

2) Empreendedores que estavam construindo um RPG multi-usuário na internet um dia se convenceram que o mercado de RPGs online estava saturado. Nesse momento, aproveitaram a funcionalidade que tinham projetado para trocar imagens entre jogadores e montaram o Flickr - hoje, um serviço de compartilhamento de fotos famoso em todo o mundo.

Pivots são muito mais facilmente explorados em empresas de tecnologia, porque seus ativos são em grande parte intangíveis, os custos são baixos e o mercado muda muito rápido - por isso, é mais fácil readaptar a startup para um modelo mais escalável. Mesmo assim, não se esqueça da diferença entre pivotar versus desistir de um projeto para começar outro: quando desiste, tudo que você leva é a experiência e aprendizado de ter falhado. No pivot, você leva não só a experiência como também reaproveita os ativos que já construiu em favor de uma nova estratégia.
 
Fonte: Portal Exame
 
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10 maio 2011

EMPREENDEDORISOMO - Dica startup: investidor anjo, seed ou venture capital?

Os três termos do título correspondem a tipos de investimento de risco.

- Investidor anjo (ou "angel money"): os "anjos" procuram empresas nascentes, algumas até no campo das ideias. Normalmente investem entre R$50 mil e R$500 mil em startups próximas - de parentes, amigos, conhecidos ou na sua cidade - e tentam vender sua parte a investidores maiores.

- Seed capital: é a primeira camada de investimento acima do investidor anjo, indo normalmente de R$ 500 mil a R$ 2 milhões no Brasil. Normalmente, para diluir seu risco e diversificar sua carteira, os investidores de capital semente montam fundos que captam de vários investidores, e assim conseguem aportar capital em mais empresas e maximizarem suas chances de acertarem em cheio. As empresas que eles procuram já possuem clientes, produtos definidos, mas ainda dependem de investimento para expandirem o consumo e se estabelecerem no mercado.

- Venture capital: o termo VC vem dessa camada, e é normalmente usado para descrever todas as classes de investidores de risco. Mesmo assim, os fundos de venture capital brasileiros investem entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões em empresas que já faturam alguns milhões. Seu objetivo é ajudá-las a crescer e fazer uma grande operação de venda, fusão ou abertura de capital no futuro.

- Private equity: fundos de private equity são responsáveis pelas operações de fusões e vendas em grandes empresas, que normalmente faturam mais que R$ 100 milhões anualmente. Nesse estágio, os investimentos envolvem quantias bem maiores que os R$ 10 milhões do VC, e por isso os investidores costumam trabalhar com empresas de capital aberto ou prestes a abrirem seu capital.



Quando um investidor se refere a uma startup "early stage", ela provavelmente não tem um produto com receita e precisa de capital semente ou de anjos. Quando se fala "growth stage", trata-se de uma empresa que já tem alguns milhões em receita mas precisa de capital para alavancar seu crescimento - ou seja, ela provavelmente irá procurar um venture capital.  
Se você está montando uma startup agora e pensa em abordar um investidor, lembre-se de focar em angels e nos fundos que trabalham com seed money. Essa informação está sempre presente no site do investidor ou mesmo nas notícias disponíveis sobre ele. Faça uma pesquisa bem feita.

Yuri Gitahy, conselheiro de empresas de tecnologia e fundador da Aceleradora foi quem deu as dicas.



Fonte: Portal Exame

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15 março 2011

FINANÇAS - BB vai financiar empreendedores de favelas cariocas

O Banco do Brasil se aliou ao  Sebrae e à prefeitura da cidade do RJ para abrir a linha de microcrédito - focada em sustentabilidade. E o plano é liberar esses empréstimos ainda este mês.



“A gente vai fazer esse microcrédito no conceito de sustentabilidade. Para que realmente esse dinheiro seja muito bem utilizado pelos empreendedores nas suas atividades, para não ser mais um problema depois. Nós chamamos isso de Projeto Regional Sustentável”. A informação foi dada ontem, dia 14, à Agência Brasil, pelo superintendente estadual do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, Tarcísio Hubner.

Serão apoiadas pessoas físicas que desempenhem atividades produtivas, inclusive informal, entre as quais Hubner destacou as de artesão, feirante, sapateiro, do ramo de alimentação e de confecções.


Critérios


Com foco na sustentabilidade, os projetos deverão ser socialmente justo, ambientalmente correto e viável, já que se deve voltar para o lado econômico também. Além disso, serão analisados quais os fornecedores do microempreendedor e quais as possibilidades de venda do produto, entre outros aspectos.

Números


Os empréstimos poderão variar de R$ 200 a R$ 5 mil, dependendo do projeto apresentado. Os juros serão de 0,95% ao mês, com prazo de pagamento até 60 meses.



Na cidade do Rio de Janeiro, o banco já opera com microcrédito em planos semelhantes voltados para ambulantes, quiosqueiros e catadores de materiais recicláveis no projeto Economia da Praia, cujos empréstimos somam, até agora, R$ 2,4 milhões.


Fonte: Portal Exame

11 março 2011

FINANÇAS - Bancos oferecerão conta eletrônica sem tarifas

Entrou em vigor no dia 1º de março uma medida do Conselho Monetário Naciona (CMN) que cria a opção de os bancos oferecerem conta-corrente movimentada exclusivamente por meior eletrônicos (internet, caixa eletrônico e celular). E é nessa conta que o cliente fica isento da cobrança de tarifas.


Em aviso divulgado um dia antes, o Banco Central esclarece que a medida é mais uma alternativa com vistas a promover a inclusão financeira em todos os níveis. De acordo com o BC, os bancos podem decidir se oferecem esse tipo de movimentação a seus clientes, com acréscimo de cláusula adicional ao contrato de direitos e obrigações, sem cobrança. Admite, porém, a cobrança de tarifa de cadastro para novos clientes.

Quando o cliente precisar usar meios não eletrônicos (guichê de caixa, correspondente no país ou atendimento telefônico com auxílio de telefonista) a tarifa correspondente será cobrada. Mas, se os meios eletrônicos não estiverem disponíveis, o acesso aos canais de atendimento não eletrônicos “não pode ser objeto de tarifa”.

O BC divulgou também que novas regras de tarifas sobre cartões de crédito vão entrar em vigor, mas só em 1º de junho.

Para os contratos formalizados a partir de então, os bancos só poderão cobrar cinco tarifas, referentes à anuidade, emissão de segunda via do cartão, ao uso para saque, no pagamento de contas e pedido de avaliação emergencial no limite de crédito. Para os contatos anteriores àquela data, essas regras só começam a valer em 1º de junho de 2012.

Fonte: infoExame

17 fevereiro 2011

FINANÇAS - Grameen Bank chega ao Brasil

Se você não sabe o que é, calma. Mas garantimos que é uma notícia e tanto.


O Grameen Bank foi fundado há 35 anos, em Bangladesh, com uma proposta revolucionária: um programa de microcrédito, hoje replicado em mais de 40 países! Um banco com uma proposta social.

O nome do idealizador desse banco é o bangalês Muhammad Yunus, esse mesmo que ganho o Nobel da Paz em 2006.
 Nesse modelo, são  "emprestadas" quantias pequenas para pessoas em condições de pobreza, estimulando-as a sair dessa situação. Mas nada de caridade. A pessoa deve pagar o empréstimo e os juros dele, já que, como qualquer banco, o objetivo do Grameen Bank é lucrar (ainda que todo lucro seja reinvestido no próprio negócio).

"O nosso verdadeiro faturamento é o impacto social que causamos. Está na melhora da vida das pessoas."
H.I.Latifee, diretor-gerente do Grameen Trust, empresa-irmã do Grameen Bank

Esse mesmo diretor é quem está no Brasil para assinar um empréstimo de U$ 6 milhões contraído de um banco doméstico, que logo saberemos o nome.
No Brasil, como já implantado em outros países da América do Sul, os empréstimos deverão ser, em média, de U$ 200. Os juros, de 20% a 25%. E toda semana quem tomou o empréstimo deve prestar contar, pagar juros e direcionar uma parte para poupança.
Para quem gostou da ideia, o agradecimento deve-se ao escritório Mattos Filho, há 15 anos no mercado financeiro brasileiro. Uma de suas sócias, Marina Prockonor, passou três semanas em Bangladesh estagiando no Grameen, outubro passado, e de lá acertou que o Mattos Filho seria o escritório do banco no Brasil.
As pessoas podem começar com atividades simples, como produção caseira de doces (aliás, as mulheres, que são quem mais desenvolvem essas atividades, representam 97% dos clientes do Grameen Bank no mundo). O objetivo é ensiná-los a lidar com o dinheiro, contraindo maiores empréstimos até conseguir montar o próprio negócio. Com padrão de vida melhor, devem ser atendidos pelos bancos de varejo tradicionais.


Fonte: AsBoasNovas, GrameenBank

21 janeiro 2011

EMPREENDEDORISMO - Como começar um negócio sem dinheiro

A InexMarketing, com certeza, é uma empresa de empreendedores, para empreendedores. Nosso desafio é facilitar nosso clientes a criar um negócio, um processo, uma melhora.
No Portal Exame, saiu uma reportagem bem interessante sobre abrir um negócio sem dinheiro!! Na verdade, é ressaltado que "dinheiro nenhum" dificulta bastante o processo de abertura, mas não o torna impossível.
O artigo passa 6 dicas legais para tirar do papel a sua ideia. São elas:

  1. Prepare-se para empreender: além de estar certo de seus recursos e de que são suficientes, deve haver a certeza (maior possível) de que o seu negócio vai dar certo. Para isso, muita pesquisa de mercado (que pode ser feita pelo próprio empreendedor ou empresa especializada).
  2. Empreenda com o dinheiro dos outros: ou seja, procure investidores. Se você vai ter que vender sua ideia de qualquer jeito, comece pelos investidores. Além de diminuir o seu risco, é um primeiro teste se sua ideia é comprada ou não.
  3. Faça parcerias estratégicas: considerar fornecedores e clientes como parceiros é essencial. Torne-os investidores, como você.
  4. Exercite o networking: suas conexões podem servir como parceiros também, por isso, trabalhar a rede de contatos e criar um boca-a-boca a favor do seu negócio. 
  5. Tire proveito das circunstâncias: em uma palavra? Resiliência! O mundo muda e você precisa se adaptar. Esteja atento a essas mudanças, pois muitas delas podem ser grandes oportunidades.
  6. Tenha um plano de ação: apesar de adaptável, ter metas e planos faz com que você tenha um norte. As adaptações devem ser em busca de um objetivo claro.
Texto adaptado da reportagem de PortalExame.
Imagem: Stock.xchng 

10 fevereiro 2009

FINANÇAS - Feng Shui para salvar os investimentos.

Fonte: Portal AMANHÃ

Em Hong Kong, procurar ajuda nesta arte milenar é natural até mesmo entre a elite financeira – ainda mais em tempos de crise

Cerca de 170 investidores com aplicações de pelo menos US$ 1 milhão cada lotaram o salão do Hotel Four Seasons em Hong Kong, para ouvir a palestra de Alion Yeo sobre o que acontecerá com o mercado financeiro nos próximos anos. A platéia era formada por clientes do banco ABN Amro.
- O presidente americano e o secretário do Tesouro dos EUA nasceram no ano do boi - disse um cliente. - Isto é um problema?
- Sim. Uma dupla de bois no comando da economia dos EUA, você pode esperar um acidente. Espere até janeiro de 2010 para investir nos EUA - aconselha o Sr. Yeo.
Esqueça seu corretor. Em Hong Kong, quando os mestres em feng shui falam, todos dão ouvidos. É o que conta a reportagem do Wall Street Journal publicada em seu site nesta segunda-feira.
Segundo o jornal americano, em todo mundo, muitas pessoas estão consultando mestres em feng shui - uma arte chinesa que crê na influência das estrelas, geografia e localização dos objetos onde as pessoas vivem - para aconselhá-los como maximizar suas fortunas e viver bem através da decoração de suas casas.
Mas, em Hong Kong, a maioria dos mestres do feng shui (literalmente traduzidos para vento e água) usualmente é utilizada para assuntos do dinheiro. E depois de um ano de grandes perdas financeiras, eles estão encontrando uma audiência especialmente receptiva.
Raymond Lo, um conhecido veterano de Hong Kong no negócio do feng shui, conta que tem visitado uma grande quantidade de banqueiros e de poderosos gerenciadores de fortunas. Todos atrás de consultorias sobre o destino das ações, fazendo deste Ano Novo Chinês - período de celebração que termina nesta segunda-feira - seu mais ocupado nos últimos 25 anos.
Cosmos Books, uma das maiores editoras de livros da cidade, informou que as vendas de livros sobre o assunto cresceram 20% no último ano. William Lee, um investidor aposentado de 70 anos, acompanhado de sua mulher e sua filha, decidiu visitar um famoso templo Wong Tai Sin, onde multidões rezam por mais dinheiro nos próximos anos.
- Este ano, com a economia e o mercado financeiro tão mal, quero perguntar sobre dinheiro - disse o senhor Lee, que conta que a maior parte de seus investimentos estão no mercado financeiro. - Não vai doer se eu ouvir outra opinião, certo?
- Investidores costumavam acreditar em bancos e fundos de investimento - diz Liu Qiao, um professor da Universidade de Hong Kong especializado no comportamento financeiro, aos repórteres do jornal americano. - Agora, estão vendo banqueiros cometerem erros estúpidos. Acredito que isto leve muito a procurar diferentes direções como ouvir mestres do feng shui ou rezar em templos.
Em Hong Kong, procurar ajuda do feng shui é natural, até entre a elite financeira. Antes de sua morte, em 2007, a milionária do setor imobiliário Nina Wang deixou toda sua fortuna para seu mestre, levando a família a uma disputa judiciária, relembra a reportagem do Wall Street Journal.Neste Ano do Boi, os prognósticos não são bons. Muitos chineses estão lamentando a rara e de mau agouro aparição de dois eclipses nos primeiro mês lunar do ano, um solar e outro lunar.

10/02/2009

04 fevereiro 2009

FINANÇAS - O que o circo de Soleil tem a ver com o juro?

Fonte: Redação de AMANHÃ

Técnico do BC aposta no cooperativismo como opção para crédito de baixo custo e cita o caso do circo canadense como exemplo da relação de confiança que o sistema estabelece com os associados.

Se já contavam com a simpatia do Banco Central, que nos últimos anos rompeu algumas amarras legais que as impediam de crescer, as cooperativas de crédito encontram agora, em plena crise, ventos ainda mais favoráveis. A nova investida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra os exageros do spread (diferença entre o valor pago pelos bancos para captar o recurso e o juro que cobram para emprestá-lo ao tomador de crédito) dá mote a algumas comparações. Nos cálculos da Organização das Cooperativas Brasileiras, o juro praticado pelas cooperativas de crédito ficou 2,61% abaixo da taxa média mensal cobrada pelos bancos. A inadimplência, principal risco alegado pelos bancos para manter o crédito escasso e caro, é baixa no cooperativismo de crédito: em 2008, não passou de 1,83%.


Com estes e alguns outros trunfos - estão isentas de alguns tributos e também não precisam recolher compulsoriamente ao Banco Central parte dos recursos que captam, como os bancos -, as 1.113 cooperativas de crédito já reúnem 3,2 milhões de associados e a previsão da OCB é de que até o final de 2009 este número já esteja em 3,8 milhões de brasileiros. A verdade, porém, é que o cooperativismo de crédito precisará sustentar altas taxas de crescimento para "fazer cócegas" nos grandes bancos, como revela, nesta entrevista a AMANHÃ, o adjunto do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Abelardo Sobrinho. Mesmo assim, pondera, em cidades pequenas e de porte médio os grandes bancos enfrentarão uma competição "bastante acirrada".


E se o cooperativismo de crédito precisava de um ícone para mostrar sua diferença em relação aos bancos tradicionais, Abelardo aponta o Cirque du Soleil, um caso que ele conheceu em viagem de estudos pelo Canadá - país no qual a sensação produzida pelas cooperativas na indústria bancária não é, propriamente, de cócegas.


Com a crise e a aversão dos bancos ao risco, o cooperativismo de crédito adquire um papel ainda mais importante?

Independentemente da crise, o cooperativismo de crédito, se bem organizado, é uma resposta adequada e bastante às demandas do crédito. Por quê? Porque o sistema cooperativista é limitado em seu corpo social. Portanto, sabe das necessidades do seu corpo social. E é este próprio corpo social que oferece o funding para a cooperativa realizar empréstimos. Mas é claro que há limitações.


Quais são as limitações mais importantes?

Em primeiro lugar, o cooperativismo de crédito responde hoje por apenas 2% do volume total de recursos emprestados no âmbito do sistema financeiro. Em outros países, esta participação é bem maior. Na Alemanha, é de 25%. Em Quebec, lá no Canadá, chega a 50%, seguindo o modelo Desjardins.


E nos Estados Unidos, sempre uma referência em mercado financeiro, qual é a fatia das cooperativas de crédito?

É menor. Mas é importante, também - está na casa dos dois dígitos.


No Brasil, esta participação vem crescendo, não?

O cooperativismo de crédito foi bastante incrementado nos últimos seis anos, com a decisão do Banco Central de permitir que, em vez de se restringir a categorias organizadas, as cooperativas pudessem usufruir da livre admissão de associados. Isso visou exatamente a permitir que elas pudessem ter mais fluxo de recursos e concorrer mais efetivamente com o sistema bancário.

E como a crise interfere neste cenário?

A crise atinge a economia como um todo, na medida em que provoca redução de demanda, queda de preços... Mas ainda assim o cooperativismo dá boa resposta. Vejamos, qual é a origem desta crise? É a especulação, a ganância, a criação de vários instrumentos de financiamento que não correspondem a dinheiro físico e sim a uma mera transferência de responsabilidades... O cooperativismo não vive disso. O cooperativismo de crédito vive basicamente de ter os recursos e emprestá-los. Não veremos uma cooperativa pegando este dinheiro no seu caixa para buscar uma aventura no mercado, uma aplicação de maior rentabilidade.


Até onde pode chegar o crescimento do cooperativismo de crédito, partindo desta pequena participação que hoje anda ao redor de 2% do mercado?

Sem dúvida, o cooperativismo de crédito é muito pequeno em relação ao seu potencial. O sistema vem sendo estimulado a crescer nos últimos anos, mas ainda não atingiu um crescimento capaz de fazer cócegas no sistema bancário. Claro que há fatores culturais, ligados a tradição, a princípios de uma cooperativa. O cooperativismo difere em vários aspectos do sistema bancário tradicional.


O potencial de crescimento das cooperativas de crédito é maior nas pequenas cidades, onde os bancos não atuam tão fortemente?

Eu vou justamente nesta linha. Os grandes centros, onde se concentra o chamado crédito urbano, já são ocupados pelo sistema bancário tradicional. Nestas cidades de maior porte, basicamente as capitais, a dificuldade das cooperativas é maior porque, por força de lei, nestes lugares elas são limitadas, só podem representar categorias profissionais ou grupos de pessoas de determinada empresa ou perfil. Então, elas enfrentam uma limitação de quadro social. Eu explico: é que a norma legal permitiu às cooperativas a livre admissão de associados somente em regiões contínuas - como áreas metropolitanas - que tenham menos de 2 milhões de habitantes.


Em resumo, a lei remete as cooperativas de crédito para as cidades menores?

Sim. Nos grandes centros, onde você tem municípios interligados somando uma população de menos de 2 milhões de habitantes, elas ainda têm alguma chance. Mas quando extrapolamos esta análise para o interior, aí, sim, você tem uma concorrência muito forte das cooperativas de crédito com os bancos. Elas demonstram uma capacidade significativa de influenciar o mercado local e, inclusive, os custos financeiros da região. Se você examinar o sul do país verá que praticamente 90% dos municípios têm presença cooperativista. Existem municípios em que a cooperativa fez a diferença, respondendo por 70 ou 80% dos recursos movimentados naquela comunidade. E há municípios em que este percentual é de 100%. Ali, só existe a cooperativa de crédito, e o crescimento do sistema é muito forte. Agora, nos centros maiores, eu concordo: a concorrência com os bancos é bem mais difícil.


Nas cidades nem tão grandes nem tão pequenas teremos uma batalha entre cooperativas de crédito e bancos?

Claro que nessas cidades de porte médio, como Londrina, Joinville, por exemplo, haverá... eu não diria "batalha", mas uma concorrência. E uma concorrência bastante acirrada. Inclusive, eu diria, com influência direta na composição da taxa de juros. E vamos ver as cooperativas de crédito puxando a taxa para baixo. A questão para o cooperativismo, ainda - e isso é uma percepção minha -, é que o cooperativismo não oferece todos os produtos típicos do banco. Cooperativa não oferece câmbio, por exemplo. E esse é um produto típico do setor de bancos.

Mas não oferece porque a legislação não permite?

É, a legislação não permite uma carteira de câmbio nas cooperativas. Mas isso poderia ser feito por intermédio do banco do sistema. Hoje, nós temos dois sistemas de cooperativismo de crédito que têm banco. O Sicredi e o Sicoob. O Bansicredi tem a carteira de câmbio. O Sicoob não tem - ainda. Além do câmbio, há uma gama de produtos financeiros que podem ser oferecidos aos associados, como financiamento de longo prazo, capital de giro.... Neste campo o cooperativismo ainda está bastante limitado.


Que referências o cooperativismo de crédito brasileiro deve seguir, nesta perspectiva?

Eu estive em Quebec , no Canadá, onde o cooperativismo detêm mais de 50% do mercado financeiro. Veja o caso do Circo de Soleil, que é da região de Montreal. Eu estive lá e conheço bem esta história. Quando foi montar o Cirque du Solil, o seu idealizador, que era um daqueles comedores de fogo, foi procurar o sistema bancário para dizer "Olha, financia este projeto". O que ele ouviu foi alguma coisa como "Acha que sou maluco, rapaz? Vou botar o meu dinheiro aí no fogo, pra vocês comerem? Que história é essa?". Resumindo, o banco não financiou. Ele foi buscar apoio no sistema cooperativista da região, que começou a apoiá-lo com pequenos recursos. E foi o modo como ele conseguiu montar o circo. Veio o sucesso - porque de fato há empreendedores que só precisam, mesmo, de recursos... O circo cresceu e o sistema cooperativista da região já não tinha mais capacidade operacional para suprir todas as necessidades de financiamento do Circo de Soleil. Então, o que o Soleil passou a fazer? Passou a fazer uma espécie de leilão com os bancos. "Olhem, estamos precisando de US$ 1 milhão. Vocês nos oferecem a quanto?".


O poder de barganha mudou de lado...

Exatamente. O circo passou a ter o poder de dizer assim: "Eu quero um milhão", porque o negócio virou um sucesso e os bancos viam o empreendimento com outros olhos. Mas mesmo na nova fase o Circo de Soleil só recorria ao sistema bancário quando o sistema cooperativista declarava algo como "Olha, nesse nível nós não temos os recursos suficientes para bancar o seu projeto.".


A preferência deles sempre foi pelo sistema cooperativista. É uma história lá de fora, mas se nós olharmos determinadas regiões do Brasil veremos que também ocorre essa concorrência das cooperativas, esta capacidade de impor uma puxada de juros para baixo.... Há pessoas que operam exclusivamente com o sistema cooperativista. Assim como há pessoas que não conhecem bem o sistema cooperativista e entram porque acham que se trata de crédito fácil... Tem de tudo aí.


Um detalhe que chama a atenção no estudo que você realizou com Marden Soares é o alerta de que o associado ainda sabe pouco sobre as possibilidades que a cooperativa oferece a ele.

Exatamente. Esse é o ponto crítico: o associado não conhece seus direitos e obrigações. O nível de formação ainda é bastante baixo. Esse é um dos grandes desafios do sistema cooperativista. Se você pegar o total de associados do sistema e fizer uma peneira para verificar quais são aqueles que efetivamente utilizam os serviços da cooperativa, verá que este número não chega à metade, é um coeficiente baixíssimo. Você tem aquilo que a gente chama de associados inativos. São associados que não operam com cooperativa, que ficam aguardando apenas o final do ano para receber o retorno a partir das sobras (cooperativas não visam ao lucro; seus resultados são "sobras").


O governo vem insistindo na redução do spread bancário por considerar que o juro cobrado pelo banco para emprestar é muito superior ao custo que a instituição tem para captar este recurso no mercado. Até que ponto as cooperativas de crédito conseguem praticar juros mais baixos que os bancos tradicionais?

Há uma diferença, sim. O spread é menor nas cooperativas de crédito. As taxas de juros que elas praticam ficam abaixo do sistema bancário tradicional. E as cooperativas têm um custo de captação mais alto que os bancos por força da inexistência de outros produtos a oferecer aos clientes. Os bancos, ao contrário, operam com um portfólio mais amplo: seguros, consórcios... O banco pode até trabalhar... não direi com prejuízo, mas com custo zero em um determinado produto porque consegue atrair o cliente para um pacote de serviços e, no conjunto, a instituição cobre seus custos e tem resultados. A cooperativa de crédito não tem esta margem, embora disponha de algumas isenções tributárias.

04/02/2009


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