25 abril 2012

ARQUITETURA - Setor moveleiro é promissor para quem quer empreender

Bom desempenho da economia + aumento da renda da classe C = aquisição da casa própria (entre outros sonhos de consumo). Isso já é sabido e, como esperado, a casa própria movimentou o setor moveleiro que, ainda, tem a prorrogação da redução do IPI até junho.


Na verdade, nos últimos dez anos, os gastos com a aquisição de móveis aumentaram 56,8% – de R$ 26,6 bilhões para R$ 41,7 bilhões. Hoje, a classe C é responsável por quase metade (46,5%) desse consumo (Instituto Data Popular), sendo 33,8% desse valor das classes A e B e a previsão para este ano é do aumento do consumo das classes C e D e diminuição das outras.





Movida pelo chamado consumo de aspiração, a classe C procura o que antes era privilégio das classes mais altas: design, personalização, funcionalidade e peças inspiradas nas principais tendências do mercado. 



Esse consumidor deixa de ter móveis herdados e hoje pode organizar a decoração da própria casa
Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular. 


As empresas do segmento, entretanto, devem estar prontas para atender a essa nova realidade de mercado. É preciso ter preço justo, oferecer pagamento facilitado e muito mais: as marcas acostumadas a desenvolver produtos básicos devem sofisticar seu portfólio e as empresas do segmento premium podem democratizar o acesso a sua linha de produtos.


O Grupo Unicasa, dono da linha de móveis planejados de alto padrão Dell Anno, por exemplo, fechou unidades e investiu pesado na expansão da New, marca com perfil popular. “A classe C não é mais segmento de mercado, ela é o mercado em si. O desafio para quem trabalha com móveis nos próximos anos é entender o tamanho dessas casas e trabalhar com o que cabe no bolso desse público, sem esquecer outro fator importante, que é oferecer a melhor qualidade possível”, afirma Meirelles.


O mesmo desafio da Unicasa é vivido atualmente pelo empresário Manuel Llanas Rodriguez, que há 25 anos mantém em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo, a marcenaria Felitá. A empresa sempre foi especializada no público de alta renda, mas começa a dar os primeiros passos para atrair os representantes da classe C. “Antes essas pessoas não podiam comprar móveis planejados, mas isso mudou. Agora o consumidor não quer mais produtos padronizados e prontos”, afirma o empreendedor.


O plano de Rodriguez é investir no que ele define como perfumaria: peças com design planejado e pontos de venda cuidadosamente arquitetados para encher os olhos desse consumidor. A proposta é criar uma nova linha de produtos. “O mercado moveleiro começa a funcionar de forma semelhante ao de moda. Precisamos desenvolver, no mínimo, uma coleção por ano”, afirma. Com essas mudanças, ele espera aumentar o faturamento em 30% ainda neste ano. Hoje, o valor médio de cada compra na Felitá fica em torno de R$ 3 mil. 


O maior desafio do empresário, no entanto, é outro: lidar com a concorrência das grandes empresas e conseguir escala de produção para reduzir custos. Para compensar suas limitações, Rodriguez investe no atendimento personalizado como diferencial. Dos cerca de 100 projetos que desenvolve por mês, ele estima que 70% são de clientes que chegaram por indicação. 


Diferenciar, portanto, seja por um serviço pós venda, por um nível de personalização, pela logística, pela instalação, para destacar-se neste mercado em que custo/preço é premissa.


Fonte: Estadão PME


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