30 julho 2012

ESTRATÉGIA - Neurociência entra pesado nas estratégias das empresas

Neurociência é uma disciplina que estuda o sistema nervoso humano e, consequentemente, objetos e estímulos que o fazem reagir de determinada forma.


Apesar de não ser uma novidade para especialistas das áreas de marketing, por exemplo, o uso de estímulos sensoriais no trabalho das marcas está ganhando espaço e, principalmente, reconhecimento dos empreendedores. A dificuldade deste reconhecimento reside no fato dos resultados provenientes de tais investimentos serem, em parte, subjetivos e difíceis de medir. 
São investimentos em identidades olfativas e sonoras, além das gráficas, e sistemas interativos de estímulo ao tato nos pontos de venda, por exemplo. Ressaltando-se a importância do alinhamento desses trabalhos, para manter uma identidade única à marca, condizente com os interesses de seu público e à estratégia traçada.


Representa influência dos sentidos

O resultado não se mede por meio de métricas objetivas. Essas ações promovem a construção e valorização da marca do empreendimento. Mesmo assim, comerciantes contam que o número de frequentadores, em alguns casos, dobra após a implementação de algumas dessas estratégias, antes vistas apenas em filmes de ficção científica.


É o caso de Marcelo Chiaparini. Ele é proprietário de uma loja de artigos para jovens da marca Billabong no Shopping Iguatemi de Alphaville. O empresário investiu pesado no negócio, cerca de R$ 800 mil, no começo do ano passado.
Mas a loja, como tantas outras, era convencional. Até agosto daquele ano, quando Chiaparini recebeu a visita da engenheira Regiane Relva. Ela apresentou-se e, sem rodeios, convidou o empreendedor a ser dono do primeiro comércio inteligente da América Latina.
Chiaparini aceitou na hora. “Ela tinha esse projeto de ponto de venda tecnológico e precisava de alguém que topasse. Como eu não precisaria colocar a mão no bolso, topei”, afirma o comerciante.


O resultado da parceria transformou o ponto de venda, que conta por exemplo com uma tela sensível ao toque instalada dentro do provador. Por meio dele, o cliente chama o vendedor e indica qual produto deseja experimentar. Até o pagamento ficou diferente. Os produtos carregam um chip e, dessa forma, não precisam ser retirados da sacola de compras para que o caixa registre a venda e informe o valor ao consumidor.




Segundo Chiaparini, após as mudanças, o número de visitas aumentou de 210 para 420 clientes por mês, com reflexo natural nas vendas. “Alguns clientes, principalmente as crianças, entram aqui apenas para brincar com os joguinhos que temos nos monitores. Depois, eles voltam com o pai e a mãe para comprar”, afirma. “Incentivar a interatividade e os sentidos do consumidor é uma boa ideia”, afirma Beto Almeida, diretor da Interbrand.


Segundo Almeida, 80% da motivação da compra surge exatamente no instante em que a pessoa está no ponto de venda. Assim, criar artifícios que agreguem experiências inovadoras pode ser uma boa estratégia. Mas qualquer ferramenta precisa, efetivamente, estar associada aos atributos da marca.


“Tem de ser algo duradouro. O importante é procurar atingir todos os sentidos possíveis, mas embaixo de estratégias que tragam benefícios para o consumidor e também para a marca em questão”, destaca Pedro Calabrez Furtado, professor do curso de ciências do consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).


O empresário Rony Meisler, fundador da Reserva, marca carioca especializada em vender roupas é formado em engenharia de produção, ele gosta de dizer que tem a neurociência como hobby. Não à toa, aplica em suas 26 lojas os conceitos que toma contato por meio de cursos e livros sobre o assunto. “A técnica vai desde uma mesa colocada na frente do estabelecimento com uma peça de roupa dobrada de maneira bacana, o que induz ao tato, até uma decoração que faça o cliente sentir-se em casa”, afirma Meisler.
Se você entrar nas minhas lojas, vai perceber que a trilha sonora é de 10 anos atrás. Isso porque o nosso público tem 30, 35 anos e sabemos que o gosto musical deles se forma com as bandas que escutou quando tinha 20, 25 anos”, ensina.


Sem dúvida uma gama de possibilidades emergentes.


Fonte: Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário


INEX
| PORTO ALEGRE | SÃO PAULO | BRASIL
www.inexestrategia.com.br