Receosas, as empresas reavaliam orçamentos e começam a cortar investimentos pelas áreas em que os resultados são menos tangíveis.
Segurar investimentos é um exercício mais do que normal momentos de crise. Com a atual conjuntura de turbulência nos mercados globais, a tecnologia da informação (TI) corre o sério risco de ver sua participação nos orçamentos das empresas ser atingida diretamente. Assim como muitas vezes acontece com o marketing e a publicidade, os aportes em TI também costumam encabeçar a lista das primeiras áreas a serem excluídas das previsões de gastos para o ano seguinte. Pode-se dizer que essa "preferência" está ligada a uma questão cultural. "No Brasil, muitas empresas ainda vêem a TI como um custo e não um como um investimento para otimizar e potencializar as operações", explica Francisco Felinto Jr., professor de sistemas de informação das Faculdades Integradas Rio Branco, de São Paulo.
Para ele, a injeção de recursos em TI não pode ser simplesmente cortada de uma hora para a outra: estes gastos devem ser analisados de acordo com necessidades mais urgentes das organizações. "É importante que as companhias sejam maduras para entender que, quando não se investe em TI, deixa-se aberto um espaço para os concorrentes melhorarem os processos e abocanharem fatias de mercado", diz o professor.
Ronei Silva, sócio-diretor da TGT Consult, afirma que os cortes, em geral, não acontecem proporcionalmente às necessidades práticas. Para ajudar as empresas a lidar com dificuldades, a consultoria desenvolveu um roteiro básico para que as revisões de gastos com TI aconteçam de maneira ordenada. A primeira dica é repensar os planos relacionados a hardware - tais como a compra de novos computadores. Segundo o executivo da TGT Consult, em momentos de contenção de despesas, os investimentos devem estar relacionados apenas a emergências. Como exemplo, cita a expansão de centrais de call-center, agora obrigatórias graças à recente revisão do marco regulatório deste tipo serviço no país. A explicação para evitar ao máximo novas compras está no fato de que a maioria dos computadores comercializados no Brasil é importada ou tem componentes trazidos do exterior. Dessa forma, os preços ficam atrelados às variações do dólar.
No campo dos softwares, a dica está em reavaliar prioridades. A atualização do sistema operacional é uma situação em que o investimento pode esperar. Por outro lado, os aportes em sistemas que agregam valor - melhorando a produtividade e os controles - não devem ser deixados em segundo plano. "Precisam ser mantidos aqueles projetos que têm impactos financeiros positivos para a empresa, em especial os que se apóiam em uma função do negócio", diz Silva, da TGT Consult.
12/11/2008
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