04 fevereiro 2009

GESTÃO - Guia de sobrevivência para 2009

Fonte: Revista EXAME

Para enfrentar a crise, o primeiro passo é deixar de lado a postura defensiva.
No final do ano, muita gente faz promessas de trocar os doces pela esteira ou então parte para alguma outra versão de reforma pessoal, jurando a si mesmo que, desta vez, a resolução de Ano-Novo é para valer.

E todos os anos, lá por meados de fevereiro ou março, essas mesmas resoluções começam a perder força. Tudo bem. Somos todos humanos - e esse tipo de comportamento é inerente à maioria de nós. Neste ano, porém, é preciso estabelecer outra rotina, já que se trata de um período diferente de todos os outros de que temos lembrança.

Em 2009, um ano de desafios e de incertezas, sugerimos que acrescente quatro resoluções à sua lista, principalmente se você tem um cargo de liderança em sua empresa. Elas não resolverão todos os seus problemas, mas, se forem rigorosamente seguidas ao longo de 12 meses, poderão ajudá-lo a tirar o melhor proveito possível das situações mais adversas.

Em primeiro lugar, sugerimos que você faça de 2009 um ano de abertura e de posições ofensivas. Sim, sabemos que o momento atual requer ações defensivas. Muitas empresas demitiram ou diminuíram salários, e é bem provável que expedientes desse tipo continuem a proliferar acompanhados de cortes em muitos outros tipos de gastos. Mas é bom tomar cuidado. Nesse tipo de ambiente, as pessoas desenvolvem uma obsessão pelo que se passa da porta para dentro - especialmente em relação a identificar quem ou o que não será mais necessário à empresa. Numa atitude ainda mais contraproducente, as pessoas se esquecem de quem é o responsável pela sobrevivência da empresa: o cliente.

Como líder, seu trabalho no decorrer sombrio dos próximos trimestres consistirá em combater essa tendência. Com sua energia positiva e seu exemplo, faça com que seu pessoal se empenhe ao máximo em produzir bens e produtos inovadores. Lembre- se de que seus clientes também estão atravessando um momento difícil. Procure oferecer a eles algo de valor surpreendente. Você venderá mais hoje e contará com sua lealdade quando as coisas melhorarem.

O segundo ponto é deixar muito claro para seus funcionários o significado da palavra "integridade". É claro que você já fez isso antes. Você já explicou a eles que integridade não é algo opcional, já insistiu no fato de que não haverá tolerância para quem se comportar de forma antiética. Contudo, a violação à ética não ocorre apenas em grande escala, à la Bernard Madoff. É muito frequente que ocorra também por obra de funcionários comuns que descobriram um meio de manobrar nas áreas cinzentas da empresa. Portanto, neste ano comprometa-se a arrumar tempo - tempo de verdade, sem pressa - para deixar muito claro o que é certo e o que é errado, tudo preto no branco, sem áreas cinzentas. Diga a todos que, em se tratando de proteger o cliente e a reputação da empresa, ignorar uma violação à ética é o mesmo que transgredi-la.
Em terceiro lugar, comprometa-se a esclarecer as pessoas sobre as consequências do Ato de Livre Escolha do Empregado (projeto de lei que prevê uma ampla reforma trabalhista nos Estados Unidos). Neste caso específico, quanto mais rápido você agir, melhor. A maior parte dos democratas fez campanha a favor da lei, e alguns acreditam que o novo Congresso vai insistir na sua votação antes do início do verão. Se tiverem sucesso, os americanos poderão assistir a um aumento generalizado de esforços em prol da sindicalização. No momento em que as três grandes montadoras lutam para sobreviver, é possível que algum empregado que trabalha em sua empresa esteja vendo o presidente do sindicato da indústria automobilística americana na televisão e pense o seguinte: "Gostaria que alguém assim protegesse meu emprego". Contudo, quando conversar sobre a lei com seus empregados, é bom lembrar a eles que as regras estabelecidas pelo sindicato dos trabalhadores contribuíram para a situação pré-falimentar das montadoras. Os americanos não podem consentir com o renascimento do movimento sindicalista.
Por fim, não deixe que 2009 transcorra sem comemoração alguma. Muitas vezes, em tempos difíceis, os líderes acham que não faz sentido parar de vez em quando para descontrair um pouco o pessoal. Porém, neste ano, em vista dos desafios que todos vão enfrentar, cada pequena vitória deve ser celebrada. Seria um desperdício não aproveitar a oportunidade para fortalecer o moral dos funcionários premiando aqueles que se sobressaírem em seu trabalho. Mais do que nunca, eles precisam disso e merecem esse reconhecimento.
A perspectiva econômica para 2009 é terrível. E embora você já tenha definido seu plano estratégico é bom incorporar um conjunto de "regras" que lhe permitirão sobreviver de forma decente no decorrer do ano. Essas quatro resoluções - aliadas a um alto grau de determinação - certamente irão ajudá-lo.
04/02/2009

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