Por Eliane Sobral e Cláudia Facchini
Com 140 lojas espalhadas pelo país, a World Tennis fechou a compra da Oxto, rede de moda esportiva com 18 lojas em cidades como São Paulo, Campinas e presença em mais oito estados. "Não conseguiria mais sobreviver sozinho neste mercado", disse ao Valor o fundador da Oxto, Nabil Khaznadar, que fez da Oxto uma loja multimarcas misturando Adidas, Puma, Everlast, Miss Sixty e Diesel. O valor do negócio não foi informado.
Outra novidade que mistura esportes e moda é a decisão da Umbro International de entrar no segmento casual. A marca inglesa, cuja origem está no futebol, está investindo US$ 1 milhão para distribuir sua linha "life sytle" em todo o Brasil. "É um segmento novo para nós e como esta intersecção entre moda e esportes é uma tendência irreversível, não poderíamos ficar de fora", diz Paulo César Verardi, diretor geral da Umbro no Brasil.
Desde que as marcas esportivas saíram das academias de ginástica e dos campos de futebol para ganhar as ruas, tanto as marcas quanto o varejo de material esportivo vêm passando por transformações no Brasil e a segmentação parece ser uma saída para ambos os lados. "Todas as lojas de esportes acabaram se envolvendo demais com a venda de tênis. Isto fez com que mesmo as lojas com propostas diferentes entrassem em conflito pois vendiam basicamente os mesmo produtos e marcas", afirma Cláudio Vaz, superintendente do Shoping Villa-Lobos.
Lojas mais tradicionais como a própria World Tennis e a concorrente Centauro estão em busca de diferenciais. No caso da primeira, ter um braço na moda foi a saída. Já a Centauro, investiu forte em design para fazer de suas 83 lojas uma espécie de shopping center dos esportes. "Tem mercado para tudo, mas é preciso passar uma mensagem clara ao consumidor", avalia o diretor de operações da Centauro, Cláudio Assis. "O mercado está meio confuso e tem varejista que não sabe se é segmento esportivo ou se é moda", afirma. O resultado dessa confusão, diz o executivo, é um grande número entrando e saindo do mercado por pura falta de identidade. "Não dá para atuar nos dois lados".
Diagnóstico já percebido pelas marcas. A Umbro, que está chegando agora ao mercado de moda casual, quer deixar claro para o consumidor a diferenciação entre a linha esportiva - que continuará sendo vendida nas lojas de material esportivo - e os modelos de "life style" - que serão distribuídos apenas em lojas multimarcas. "O varejo de material esportivo já é bastante concentrado e tende a ser ainda mais. Já as lojas multimarcas não trabalharão exclusivamente com esporte como aconteceu até pouco tempo. A tendência aí é ser multimarca mas não exclusivamente esportiva", afirma.
Luciano Kleiman, diretor de marketing da Adidas, diz que o crescimento da linha casual segue o mesmo ritmo da de material esportivo e que foi a combinação dessas duas linhas de atuação que fez com que a unidade brasileira da empresa passasse da 53ª posição, em 2002, para o atual 15º lugar no ranking global da Adidas internacional, que tem operações em 116 países.
Segundo Kleiman, o varejo de material esportivo amadureceu muito no Brasil na última década. "Essas empresas, que eram essencialmente familiares, buscaram a profissionalização, investiram pesado no aperfeiçoamento administrativo e desenvolveram visão estratégica do negócio. A Centauro foi rápida em perceber que não havia loja de material esportivo como âncora de shopping center e foi a primeira nesse setor. Já a World Tennis cresceu com um modelo de negócio centrado em franquias", diz o executivo.
Mas o executivo da Adidas - que também atua na linha casual com a marca Adidas Original -aposta em uma maior segmentação no varejo esportivo. "Há shoppings onde é possível encontrar até dez lojas desse mesmo segmento", afirma ele.
A rede Roxos & Doentes aposta na segmentação. Com 14 lojas espalhadas por São Paulo, a rede já nasceu voltada exclusivamente para o futebol. Vende camisas oficiais de seleções e clubes de futebol do mundo inteiro e nada praticamente sozinha nessa seara. "Hoje há espaço para as grandes redes que têm espaço físico para trabalhar com várias modalidades esportivas, mas não cabe mais o modelo de loja que quer vender tudo ao mesmo tempo", afirma Eduardo Rosenberg, presidente da Roxos & Doentes.
Maurício Prado, diretor de marketing da rede Everlast no Brasil, diz que a marca norte-americana que nasceu com o boxe também está apostando mais firmemente na linha casual. "Hoje estamos em aproximadamente 600 pontos de venda com um forte apelo para o 'life style'". Segundo Prado, a linha casual amplia as possibilidades de trabalho da marca. "O casual nos permite trabalhar com um mix maior de produtos, a cada estação temos coleções novas para atrair o consumidor. Já no esporte, essa variação praticamente não existe e o nosso trabalho fica um pouco mais limitado, até em questão de cor", diz ele.
14/08/2007
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