Crescer e crescer. Essa é a tendência do crédito no Brasil. Depois da explosão dos empréstimos consignados (com desconto em folha) e o aumento da oferta de financiamentos imobiliários com prazos de até 30 anos, há indícios de que o estouro do microcrédito esteja próximo. “Quanto menor a participação do governo na poupança do país, maior a consolidação da economia e maior o peso do crédito na economia nacional”, argumenta Marcel Solimeo, economista e superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Dados do Banco Central mostram que o crédito no Brasil passou de 28,1% do PIB em 2005 para 33,1% em 2006. O ideal seria ter uma relação parecida com a de países com uma economia mais estável, como o Chile, onde o crédito representa 82,3% do PIB – segundo dados do Banco Mundial. “O Brasil deve tirar o atraso”, avalia. Os empréstimos imobiliários, que hoje representam apenas 1,7% do PIB, devem crescer ainda mais, sustentados pela redução da inflação e da insegurança jurídica. “Apesar do boom que estamos vivendo, esse setor é quase inexistente no Brasil”, observa. Já o desconto em folha deve estacionar, abrindo passagem para o microcrédito. “Há espaço para esse crédito gerador de renda para as classes C e D”, analisa Solimeo.
No calor das notícias vindas dos Estados Unidos sobre a inadimplência dos tomadores de créditos de baixa renda (subprime) que assusta o mercado financeiro, é preciso tomar medidas para evitar uma alavancagem aventureira como a que aconteceu no mercado norte-americano. “Para isso, a aprovação do cadastro positivo é fundamental”, destaca Solimeo. Trata-se de um banco de dados com o histórico de crédito e pagamentos realizado por todos os consumidores do país. A perspectiva é de que haja uma continuidade no aumento da oferta de crédito por conta dos fortes indícios de consolidação. “O maior risco é que uma crise externa nos afete. Se isso acontecer, teremos uma interrupção, mas logo uma retomada”, sustenta.
25/10/2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário