LIÇÕES DO COTIDIANO: conhecimento obtido com a produção de turbinas (foto) e materiais de transporte é um dos grandes ativos da Siemens.
A ALEMÃ SIEMENS É uma potência que fatura US$100 bilhões por ano. O montante é obtido com a fabricação de produtos tão díspares quanto turbinas para usinas hidrelétricas, trens de alta velocidade, equipamentos médicos, lâmpadas e sistemas de vigilância remota. Desde sua fundação, em 1847, o conglomerado germânico acumulou um conhecimento fantástico nestas áreas. Tanto que resolveu usar esse ativo intelectual para desenvolver um outro negócio: a área de consultoria. No Brasil, onde as receitas líquidas da Siemens somaram R$ 4,6 bilhões em 2008, a empresa está apostando suas fichas em dois nichos específicos: manutenção e gestão eficiente de energia. Segmentos que geralmente não entram no foco estratégico dos gestores, mas que podem, em muitos casos, definir se uma operação vai ser lucrativa ou não. Especialmente em momentos de crise. "Nos últimos meses, a demanda por esses serviços cresceu cerca de 50%", diz Bruno Pereira de Abreu, consultor da área de manutenção e engenharia da Siemens. Ele administra uma carteira composta por 20 clientes de grande porte, como a petroquímica Braskem, para a qual está desenhando um projeto de eficiência energética com foco na redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa. Ao optar em fortalecer o setor de serviços, a corporação alemã segue os passos de conglomerados com atuação global, como a IBM. A empresa americana é talvez o mais radical exemplo de migração da área produtiva para a de serviços. A IBM já foi sinônimo de mainframes e computadores pessoais, itens que viraram commodity, e hoje "vende inteligência". No caso da Siemens, o objetivo é agregar valor aos produtos por meio do capital intelectual.
Para dar conta do serviço, Abreu, da Siemens, conta com uma equipe de 15 técnicos, a maioria engenheiros. Eles fazem um completo mapeamento do sistema energético das empresas, com foco nos motores, para identificar possíveis falhas e recomendar as correções necessárias. Segundo Abreu, um dos pontos fortes da metodologia criada pela Siemens é sua capacidade de antecipar, com precisão, o ganho que será obtido ao final do processo. "Temos tanta confiança em nossa metodologia que, em muitos casos, cobramos de acordo com a economia obtida pelo cliente", destaca o executivo. Nos trabalhos realizados até agora em 16 companhias, a redução nos gastos com essa rubrica oscilou de 7% a 28%. Números, sem dúvida, expressivos quando lembramos que a "conta de luz" responde por até 15% dos custos de uma empresa. Esse, contudo não é o único filão explorado pela divisão de consultoria da Siemens.
Oportunidades de negócio também foram detectadas no segmento de manutenção de plantas industriais. Para esse nicho, a Siemens dispõe do software Maintenance Business Review, desenvolvido em 2002 e atualizado no ano passado. A manutenção é uma área crítica na qual os gastos das corporações cresceram 10%, ao ano, na última década, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Manutenção. Apenas em 2007, as empresas desembolsaram R$ 90,3 bilhões. Com a queda na demanda, a expectativa é de que, em vez de comprar novos equipamentos, as indústrias deverão apostar em extrair o máximo de seu parque atual. É aí que entra a turma de Abreu. O trabalho do consultor de engenharia da Siemens consiste em analisar o modo de operação de um cliente. As informações são comparadas com outras 160 companhias existentes no banco de dados da Siemens. A partir daí são determinados os padrões de eficiência operacional. O objetivo é eliminar as paradas não programadas de equipamentos, reduzir a ocorrência de acidentes de trabalho e até os possíveis passivos ambientais.
26/01/2009
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