23 janeiro 2009

ECONOMIA - Juro, nada. O inimigo é o spread

Fonte: News Amanhã

Indústrias do Sul apóiam o corte nos juros, mas esperavam mais. Paulo Tigre quer saber se o crédito vai ficar acessível na ponta. Agora, a guerra é contra o spread bancário.
As federações das indústrias do Paraná e do Rio Grande do Sul - Fiep e Fiergs - até consideram positiva a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de baixar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) - agora em 12,75% ao ano. "O Banco Central está dando sinais de uma preocupação maior com o nível de atividade, num momento crítico para a produção e o emprego", reconhece Paulo Tigre, presidente da Fiergs. Ainda assim, Tigre entende que o BC fez apenas parte do serviço. "Será preciso reduzir os spreads para que o crédito se torne, de fato, acessível na ponta", cobra.

A questão do spread bancário - diferença entre o juro que o banco paga para captar dinheiro no mercado e o juro que ele cobra para emprestar este recurso aos tomadores de crédito - passa a ocupar o centro dos debates. O alto spread bancário praticado no Brasil (veja, logo a seguir, manifestação do ministro Guido Mantega a respeito) ajuda a entender porque uma redução ousada na taxa de juros - como a decidida na terça-feira pelo Copom - tem praticamente impacto zero no custo do dinheiro que os bancos emprestam aos brasileiros na ponta do consumo. "É importante que os spreads sejam reduzidos também, pois estão excessivos, o que pesa no custo das empresas", reivindicou o presidente do Sistema de Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel.

Ainda no Paraná, o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, expressou desagrado com a falta de ousadia do Banco Central que, na sua opinião, teria todas as razões para cortar a Taxa Selic não em um, mas em dois pontos percentuais. "Seria a melhor sinalização de que há preocupação em evitar uma recessão no País", disse ele. Akel, seu colega da Faciap, lembra que a crise já levou países desenvolvidos a reduzir substancialmente suas taxas de juros. "O Banco Central deveria ser mais incisivo. Vamos esperar a ata do Copom para ver se a tendência será de baixa. Em março há uma oportunidade de se mexer novamente na taxa", explicou Akel, em referência à próxima reunião do Copom, marcada para os dias 10 e 11 de março.
Mantega: "patamares inadmissíveis"

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os spreads bancários chegaram a patamares "inimagináveis, inadmissíveis" para um país que precisa de crédito para crescer. Segundo ele, recentemente houve reduções nas taxas de juros cobradas pelos bancos, mas o movimento é "insuficiente e incompatível para uma expansão dos investimentos".
23/01/2009

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