O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê, em simulações incluídas em estudo divulgado nesta terça-feira (20) sobre a crise financeira mundial, que o grau de contaminação do Brasil pode interromper o recente ciclo de crescimento econômico e social. Com as ressalvas de que ainda não é possível traçar um quadro preciso dos efeitos da crise e de que, por isso, a simulações são feitas 'por meio de valores arbitrários', o Ipea projeta três possibilidades para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009: crescimento de 4%, ou de 2,5%, ou de 1%, informa a Agência Estado.
Segundo o estudo, não existem 'parâmetros precisos' para se medir o grau de contaminação da economia brasileira pela crise internacional e, por isso, as simulações de desempenho são 'um exercício técnico preliminar'. O Ipea está vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
No pior cenário traçado pelo estudo para este ano - crescimento do PIB de apenas 1% -, seriam criados 320 mil novos empregos, mas, ao mesmo tempo, o universo de desempregados aumentaria em 1,126 milhão de trabalhadores, ficando em 8,754 milhões, ou 8,6% da população economicamente ativa (PEA).
No cenário mais otimista - crescimento de 4% -, o instituto prevê que seriam criados cerca de 1,3 milhão de novos empregos, e o universo de desempregados seria ampliado em 154 mil trabalhadores, totalizando 7,782 milhões, ou 7,7%.
No cenário intermediário (2,5%), seriam criados 800 mil novas vagas, mas o número de desempregados aumentaria em 806 mil, somando 8,272 milhões, ou 8,1%.
Segundo o Ipea, esses números mostram que, em 2009, o contingente de trabalhadores empregados aumentaria, mas não o suficiente para atender ao crescimento do total de trabalhadores entrando no mercado, que poderá ser de cerca de 1,45 milhão de pessoas.
O estudo prevê ainda que a participação da renda do trabalho na renda nacional passará a ser de 49,2% no caso de um crescimento de 4% do PIB; de 48,8% no caso de 2,5%; e de 47,6% se o aumento do PIB for de apenas 1%.
Os técnicos do Ipea ressaltam que a crise internacional afeta 'de maneira mais intensa' o mercado de câmbio, com a cotação do dólar saltando de cerca R$ 1,60 para R$ 2,30 e que esse movimento, além de prejudicar os exportadores, terá efeitos sobre os preços domésticos e na inflação.
O estudo enfatiza, porém, que o impacto do câmbio no comportamento futuro da taxa de inflação 'é uma grande incógnita' e que o repasse da desvalorização cambial para os preços 'é muito duvidoso'. Observam os técnicos, porém, que a mesma queda no preço das commodities, de cerca de 40% entre agosto e outubro de 2008, 'representa um choque positivo de oferta, arrefecendo, provavelmente, as pressões inflacionárias.
20/01/2009
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