Conforme dados do Green Building Council Brasil, o número de empreendimentos registrados junto ao USGBC (U. S. Green Building Council) para a obtenção da certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) cresce exponencialmente. O movimento da construção sustentável já faz parte da agenda mundial e felizmente não há mais como desprezar esse movimento. Ou as empresas do mercado se atualizam ou vão ficar obsoletas em um futuro próximo.
Hoje no País há cerca de 70 empreendimentos registrados em vários Estados brasileiros buscando a certificação de desempenho ambiental para seus empreendimentos, com uma previsão de ultrapassar 100 empreendimentos no final do ano. E até 2010, a meta mundial é que 100 mil construções estejam em processo de certificação Leed.
Para receber a certificação, o empreendimento deve atender pré-requisitos e recomendações que avaliam o tipo de terreno, a localização, a infra-estrutura local, o uso racional de água, eficiência energética, qualidade do ar interno, reciclagem e diversas outras medidas que garantam eficiência operacional ao usuário e preservação do meio ambiente, antes, durante e após a obra. Todos esses critérios começam a impulsionar e a transformar o mercado da construção civil e têm se tornado uma importante ferramenta educacional e de comunicação com o consumidor, além de criar parâmetros de qualidade para o mercado.
Impactos e medidas
Os impactos que o mercado da construção civil gera no planeta são imensos. O setor é responsável por até 40% das emissões de CO2 diretas ou indiretas em todo o mundo; as edificações no Brasil consomem cerca de 21% de toda a água tratada, 42% da energia produzida e geram cerca de 70% dos resíduos.
Os impactos que o mercado da construção civil gera no planeta são imensos. O setor é responsável por até 40% das emissões de CO2 diretas ou indiretas em todo o mundo; as edificações no Brasil consomem cerca de 21% de toda a água tratada, 42% da energia produzida e geram cerca de 70% dos resíduos.
A construção civil começa a demonstrar que está se adequando cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade que estão sendo impostos em todos os setores da economia e que a cada dia passam a ser uma exigência da sociedade, principalmente da nova geração. Os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o consumo consciente.
Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores e incorporadores tanto comerciais quanto residenciais, fornecedores de materiais, insumos e tecnologias, estão, aos poucos, desenvolvendo expertise nessa área, em um movimento que ganhou força nos últimos cinco anos e que hoje já começa a criar uma nova demanda no mercado da construção civil no Brasil.
Além da certificação, que com certeza tem um peso importante nessa transformação, mas por si só não será capaz de resolver todos os problemas, é muito importante o desenvolvimento de iniciativas educacionais para disseminar informações sobre as melhores práticas e tecnologias sustentáveis, a fim de capacitar os envolvidos na concepção, construção, operação e manutenção das edificações e espaços construídos. Toda essa nova visão começa a demandar mais especialistas em áreas como, por exemplo, de comissionamento de sistemas de energia, profissionais especialistas em softwares de simulação energética e profissionais capacitados em consultoria para green buildings que no caso do Leed são os Leed AP's.
Além disso, é imprescindível o engajamento do governo nesse processo de transformação, por meio de incentivos, bons exemplos e políticas públicas focadas no desenvolvimento da construção sustentável. O governo, seja ele federal, estadual ou municipal, é detentor de um grande percentual das edificações construídas e também responsável por uma importante parcela das novas construções, podendo, além de praticar esses conceitos em suas construções, impulsionar o mercado para essa transformação, por meio de exemplos ou na criação de legislações que viabilizem e estimulem as novas construções ou reformas.
Um empreendimento sustentável pode reduzir em 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% das emissões de CO2 e até 70% o descarte de resíduos. Se os clientes finais também mudarem sua postura e passarem a exigir das construtoras uma posição mais sustentável, certamente veremos um movimento muito maior do mercado nessa direção. O futuro da construção civil já tem um caminho traçado e a sustentabilidade não será apenas um modismo. As boas práticas do mercado devem ser disseminadas, assim como o maior número de informações possíveis sobre as soluções implantadas.
A construção sustentável veio para ficar, talvez um pouco tarde, mas com o engajamento de toda a sociedade, revendo nossas ações e atitudes, certamente alavancará a formação de uma nova cultura baseada na visão sistêmica preconizada pela sustentabilidade.
15/01/2009
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