A construção civil precisa criar mecanismos que reduzam as emissões de CO2 em toda a sua cadeia de produção. “Entre as medidas está o uso racional da água, maior eficiência energética e a utilização de materiais com baixa pegada de carbono. Esse tipo de ação vai ajudar a diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Precisamos estabelecer uma cultura de sustentabilidade, ir além da certificação e do plantio de árvores”, disse o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon), Sergio Watanabe, durante evento na sede do sindicato.
A afirmação do dirigente foi feita durante o evento Mudanças climáticas e a construção civil, realizado no SindusCon, que contou com a participação de representantes do setor, do secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, do ambientalista e secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, Fábio Feldmann, do economista Sergio Besserman, e da coordenadora-adjunta do Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV, Rachel Biderman, entre outros.
O presidente da Câmara Técnica e Desenvolvimento Sustentável e Governança Metropolitana da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, economista Sergio Besserman, disse que a crise econômica mundial não vai se resolver rapidamente. Para ele, a resolução do problema passa necessariamente pelo estabelecimento do preço da redução das emissões de gases de efeito estufa. “Quanto custa reduzir? Enquanto isso não for feito, não se resolve a estrutura de preços relativos”, disse. “Hoje, a sustentabilidade é o negócio das empresas, não um assunto. As outras questões é que são transversais numa companhia.”
A busca do desenvolvimento sustentável tem levado governos e diversos setores da economia a repensar processos e procedimentos culturais, segundo Besserman. O setor de transporte, por exemplo, vem avaliando como reduzir as emissões sem afetar a mobilidade das pessoas. “Em Amesterdã, na Holanda, as propostas são as de que as pessoas trabalhem em suas casas, reduzindo a necessidade de deslocamento e, conseqüentemente, a queima de combustível”, afirmou. “Isso é precificação.”
A gravata e a energia - Para o economista, a mudança na estrutura de preços relativos vai levar à construção de um novo mundo em que várias questões culturais terão de ser reavaliadas. “O governo japonês, por exemplo, já proibiu o uso da gravata e, com isso, obteve uma redução no consumo de energia em áreas com ar-condicionado.”
O secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, lembrou aos participantes que a agenda ambiental veio para ficar e vai ficar cada vez mais rigorosa. Lembrou das dificuldades que o segmento enfrentava há alguns anos para entender a questão ambiental e elogiou o avanço do setor refletido no próprio evento realizado pelo SindusCon. “Hoje, você não vende casa, vende meio ambiente”, afirmou, ao se referir aos novos empreendimentos do setor imobiliário na cidade.
O secretário municipal, Eduardo Jorge, lembrou que a crise provocada pelo aquecimento global é estrutural. “Ela vai estar aqui daqui a 40, 50 anos. É uma crise de mudança no modo de vida.” Ressaltou que as nações que lideraram a Revolução Industrial são as mesmas que agora estão trabalhando para sair na frente na revolução verde. O dirigente anunciou mudança no Conselho de Mudanças Climáticas, que hoje é composto apenas por membros do governo. “Ele vai passar a ser integrado também por representantes de instituições da sociedade.”
O ambientalista Fábio Feldman afirmou que a questão relativa às mudanças climáticas não é mais um tema dos ambientalistas, mas da economia real. “Temos de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e substituir o petróleo por outra fonte”, afirmou.
07/05/09
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