29 junho 2009

COMUNICAÇÃO - Mundo da comunicaçao nao vai voltar a ser o que era antes da crise.

Fonte: Blues Bus

3 grandes temas dominaram os 27 seminários, debates e 4 workshops de que participei aqui em Cannes - a quebra de barreiras, a necessidade de envolver mais os consumidores com as marcas e a percepçao que o mundo da comunicaçao nao vai voltar a ser o que era antes da crise financeira. As premiaçoes de certa forma refletiram também esse alinhamento.

A quebra de barreiras em termos de integraçao de mensagens, mídias e processos de trabalho foi evidente nas falas de algumas agências e principalmente dos anunciantes. Tanto no debate de Martin Sorrell com os responsáveis globais pelo marketing da J&J, Procter, Mcdonalds e Kraft, como nas participaçoes de diretores de outras empresas
(Coca-Cola, Nike, HP), “bring down the media silos” - foi uma das frases mais repetidas.

A previsao de Steve Ballmer (“em 10 anos tudo vai ser digital”) nao é consensual. Do ponto de vista dos anunciantes, a questao é de integraçao. Nao do “digital” com o resto ou “do resto” com o digital, mas do desenho de um todo coerente em termos de contatos com o consumidor. Uma coerência que eles reclamam ter dificuldade em obter nas agências. E que quando alcançada explica em parte o resultado do Grand Prix para a campanha de Obama, o bom desempenho da campanha 'O melhor emprego do mundo' e a presença, pela primeira vez, da categoria Relaçoes Públicas em um festival de publicidade.

A necessidade de um maior envolvimento do consumidor com as marcas decorre da explosao de informaçao, conteúdo e mensagens possível com os novos formatos da mídia digital. Nao a toa, o tema de “construir narrativas” sobre as marcas com a participaçao dos consumidores foi recorrente em diversas campanhas de destaque, como o case do Dark Night, a fala de Bizz Stone, fundador do Twitter, além de campanhas da Nokia, Coca, HP, Southwest Airlines, Dell e outras.

A propaganda como simples “exposiçao de
mensagem”, seja lá qual for o meio, vai perdendo sua eficácia a uma velocidade assustadora segundo a maioria dos anunciantes e agências presentes. eomenda-se - ela tem que passar a gerar fatos e "economizar tempo" para os consumidores.

Finalmente a crise, ou melhor, a questao de que a comunicaçao nao irá se “recuperar” da crise. Neste ponto, todo mundo concordou com Steve Ballmer - estamos vivendo um momento de “reset” no modelo de negócios da publicidade, tanto por parte dos anunciantes quanto das agências. A previsao da PWC de que a partir de 2012 os investimentos em comunicaçao irao se estabilizar em um patamar menor que o verificado entre 2004/2007 foi endossada pela maior parte dos presentes.

Entre os principais motivos está o fato de que os anunciantes estao cada vez mais confortáveis com açoes digitais (em qualquer tela, nao somente na do computador), que apresentam um custo menor do que as de mídias tradicionais. E também a percepao de que o consumidor está cada vez mais atento para a questao da responsabilidade sócio-ambiental nao mais como apenas “um valor”, mas como açao “de fato”. E que possui “armas” digitais capazes de causar um dano irreversível para as marcas se o assunto nao for tratado de forma honesta e transparente. O resultado? "O fim das marcas que falam por falar", na opiniao de Nigel Morris, da Isobar.

A propaganda brasileira sofreu menos com a crise, mas certamente será influenciada por estas 3 questoes. Como? Sao insights que pretendo investigar assim que voltar das minhas férias depois desta verdadeira maratona em Cannes

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