O consultor e professor Paulo Rocha explica o que é “sincronismo organizacional” – segundo ele, uma prática cujo maior objetivo é fazer com que processos e pessoas convirjam para um objetivo comum.
O diretor da RGB Consultores, Paulo Sérgio Sanches Rocha, tem procurado difundir um conceito batizado por ele mesmo como "sincronismo organizacional". O empresário, que também é professor do Instituto Mauá de Tecnologia (SP) e da Fundação Fritz-Muller (SC), garante se tratar "um novo conceito de gestão". O modelo, segundo ele, se sustenta no alinhamento entre processos e pessoas para cumprir uma estratégia com sucesso. O consultor explica na entrevista abaixo um pouco mais sobre o tema.
De onde surgiu este conceito?
Durante minha experiência como executivo e empresário, sempre me chamou a atenção o fato de que muitas empresas, embora tivessem em seus quadros pessoas bem intencionadas, com currículos invejáveis e com dedicação total e exclusiva, não atingiam os resultados esperados. Sempre me pareceu um contra-senso o esforço gerencial não ser compatível com o resultado global da empresa. Da indignação, surgiu o interesse em pesquisar o assunto e, deste estudo, nasceu o conceito que posteriormente registrei como Sincronismo Organizacional.
Mas afinal, o que é e para que serve este sincronismo organizacional?
Trata-se do alinhamento de três grandes níveis organizacionais: Estratégia, Processos e Pessoas. De nada adianta se ter uma estratégia clara do futuro da organização se os processos apontam para outra direção, disputando energia com a própria estratégia. Pelo mesmo raciocínio, também de nada adianta os processos estarem alinhados com a estratégia se as pessoas continuam trabalhando como de costume, ou seja, não levando em conta no seu dia-a-dia as diretrizes definidas. Outro fato que constatei foi que as pessoas conhecem bem a parte da empresa em que atuam e desconhecem de maneira geral a própria organização para a qual trabalham. Isto causa um forte desequilíbrio, onde cada um enxerga o mundo por sua ótica e cria regras particulares para nortear suas atuações diárias. Por exemplo, têm pessoas que pensam em fidelização de clientes e outras em corte de custos. São movimentos internos conflitantes, em que um quer gastar e o outro que cortar. Isto rouba energia da companhia, assim como um bom e velho fusca desregulado: você acelera e ele não anda.
Como implementar o conceito na prática?
Para reverter este ciclo vicioso, o primeiro passo é dotar as pessoas da organização de uma visão sistêmica, em que ela possa perceber seu papel no contexto organizacional e deixar de ver o mundo por uma janela - a sua janela. O segundo passo é alinhar os indicadores, para que todos eles estejam vinculados aos objetivos estratégicos e também não sejam conflitantes entre si, pois muitas vezes o sucesso de um indicador significa o insucesso de outro. O terceiro passo é redesenhar os processos-chave em função dos indicadores e, por último, readequar o perfil das pessoas no sentido de capacitá-las aos novos requisitos exigidos por uma empresa sincronizada.
Como perceber que a empresa precisa rever seu sincronismo?
Da mesma forma que um motorista percebe claramente que seu fusca esta fora do ponto, o dirigente também percebe sua empresa fora do ponto. Aliás, os sintomas são bem parecidos. Tenho instalado nas organizações alguns indicadores que avaliam o nível de sincronismo. Um deles refere-se à velocidade de resposta, que mede o tempo entre o pedido do cliente e a sua efetiva entrega. Como este tempo é o resultado da intervenção de diversos atores internos, seu monitoramento permite a avaliação não só do sincronismo como também do nível de stress para obtê-lo.
É possível dar alguns exemplos de experiências bem-sucedidas?
Como minha vida hoje gira em torno deste tema, são inúmeros os exemplos. Na Região Sul, todas as empresas que fazem parte do programa Parceiros para a Excelência (PAEX), da Fundação Dom Cabral, são capacitadas neste conceito. Embora não esteja autorizado a citá-las nominalmente, estamos trabalhando em empresas em que, com a implantação deste conceito, estão diminuindo significativamente seus prazos de entrega de produtos ou serviços.
15/10/2008
Leia o post Além do Sincronismo Organizacional em http://www.quanticaconsultoria.com/nossos-blogs/gestao-empresarial-em-gotas/alem-do-sincronismo-organizacional/
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