30 abril 2009

ECONOMIA - Mailson projeta dólar a R$ 2,10 em um cenário de recuperação.

Fonte: Portal AMANHÃ

Embora aposte em piora da recesssão mundial no primeiro semestre, ex-ministro vê fundamentos da economia brasileira melhorando já em 2009


Prepare-se para manchetes internacionais ainda um pouco mais indigestas. Neste primeiro semestre, a recessão mundial deve se agravar e a situação nos países ricos, epicentro da crise global, ainda vai piorar um pouco antes de começar a melhorar, advertiu o ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, ao encerrar nesta quarta-feira, em Porto Alegre, o Seminário Brasil de AMANHÃ, promovido pela Revista e pelo Instituto AMANHÃ. No entanto, este quadro de aumento das incertezas ao redor do mundo encontra os países emergentes, e particularmente o Brasil, em situação bem melhor. "O Brasil entrou na crise depois dos outros países e vai sair dela antes", prevê Mailson, que é sócio da consultoria Tendências, de São Paulo.

No cenário traçado por Mailson, o Brasil fecha o ano conciliando inflação baixa (3,9%), juros no patamar histórico de apenas um dígito (9% ao ano), dólar em nível não superior a R$ 2,10 e uma redução da atividade econômica de meramente 0,5% do PIB (bem mais branda do que a previsão do FMI de um declínio de 1,3% do PIB brasileiro em 2009). De quebra, no segundo semestre o crédito estará normalizado no Brasil, aposta. As razões do otimismo? "Já se vão 7 meses desde o agravamento da crise e o país resistiu a ela graças às mudanças experimentadas nos últimos anos", destaca Mailson.

Entre estas conquistas, o autor de "O futuro chegou" aponta a solidez e a "sofisticação" do sistema financeiro; a estabilidade macroeconômica; a situação externa confortável, com reservas do país perfazendo três vezes a dívida externa do setor público; e, por fim, a elevação do país a grau de investimento. "Estas conquistas vêm de vários governos... desde a ditadura militar, passando por Sarney, Collor... mas o Lula tem ‘complexo de Adão': pensa que tudo começou com ele", ironizou. 
Graças a este quadro de fundamentos econômicos sólidos, Mailson espera uma recuperação das ações de empresas cotadas na Bovespa. Até o final do ano, o índice da bolsa brasileira subirá aos 55 mil pontos, acredita ele.

No plano internacional, Mailson enfatizou, como novidade, a circunstância de que nesta crise são os países emergentes, e não os mais industrializados, que estão desempenhando um papel central na superação das dificuldades. "Três quartos do crescimento mundial em 2008 veio dos BRICs - Brasil, Rússia, Índia e China -, além da Coreia do Sul e da Indonésia", argumentou. A propósito do teste de estresse que o governo norte-americano está promovendo para descobrir se há outros bancos com risco de quebrar, Mailson, que construiu sua trajetória no Banco do Brasil, lembrou que nenhum governo responsável permite que o sistema financeiro entre em colapso. "Os governos gastarão o que for necessário para que a humanidade não volte à Idade Média, quando não havia bancos."
Os Estados Unidos sairão desta crise sem a condição de potência hegemônica mundial e o dólar corre o risco de ser substituído por outra moeda como referência global? "Tolice", rechaçou Mailson.

A débâcle do dólar não interessa a ninguém e muito menos a um país influente no cenário internacional como a China, que acumula reservas volumosas na moeda norte-americana. "O crescimento econômico está vinculado diretamente ao conhecimento e, das 20 maiores universidades do mundo, 18 estão em território norte-americano", sublinhou Mailson. "E é preciso dizer que a produção científica dos Estados Unidos equivale a mais da metade do total do mundo."

Confira, abaixo, outras previsões da Tendências Consultoria para ao próximo biênio da economia brasileira:

PIB 2009 - queda de 0,5%
PIB 2010 - crescimento de 3,5%

Inflação (IPCA) 2009 - 3,9% 
Inflação (IPCA) 2010 - 4,5%

Juros (Selic) 2009 e 2010 - 9% ao ano

Taxa de câmbio 2009 - R$ 2,10 
Taxa de câmbio 2010 - R$ 2,00

Saldo da balança comercial em 2009 - US$ 21 bilhões
Saldo da balança comercial em 2010 - US$ 16 bilhões

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