13 agosto 2009

BUSINESS - FIFA tenta reduzir brecha financeira no futebol.

Fonte: Portal EXAME

Presidente Joseph Blatter quer equilibrar o futebol europeu com os de outras regiões do mundo

No penúltimo ano de seu terceiro mandato na presidência da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter têm lançado várias medidas para regulamentar as transações e as finanças dos clubes de futebol. Durante os 11 anos à frente da entidade esportiva, Blatter acompanhou a expansão comercial do futebol mundial e, consequentemente, presenciou também o distanciamento entre as principais ligas européias e a de outras regiões, como da América Latina.

Agora, Blatter quer equilibrar as condições entre os ricos e os menos favorecidos no mercado de futebol. De acordo com reportagem do Wall Street Journal (WSJ), o presidente da Fifa espera que, ao reduzir o fluxo de jogadores para o estrangeiro, as ligas latino-americanas e africanas elevem imediatamente seu nível, tornando as equipes mais competitivas e as partidas mais atraentes para os torcedores.


Algumas mudanças já foram feitas pela Fifa, como a proibição, desde 2000, das transferências de jovens menores de 18 anos a fim de protegê-los dos empresários que exploram seu talento prematuramente. No entanto, essa regra não foi seguida a risca, como no caso do jogador brasileiro Alexandre Pato, que deixou o Internacional de Porto Alegre para o Milan da Itália aos 17 anos.

Além disso, ainda de acordo com WSJ, um sistema computadorizado de transações de jogadores, chamado Transfer Matching System, está sendo testado em ligas africanas e da Europa Oriental. Nesse sistema, que terá participação obrigatória, as equipes põem os jogadores que desejam transferir numa base de dados pública, administrada pela Fifa. Os clubes interessados entram no sistema e apresentam suas ofertas pelos jogadores (o valor não será público). O sistema deve entrar em funcionamento em todo o mundo em outubro de 2010, segundo a Fifa.

Muitos clubes e federações apoiaram as medidas da entidade, pois saem, muitas vezes, perdendo com o êxodo de seus jogadores ainda muito jovens. "Isso afeta os clubes do ponto de vista de que eles fazem todo o esforço de formação de um jogador e não podem aproveitar seus frutos", disse Eduardo De Bonis, sócio da consultoria Deloitte na Argentina, ao WSJ.
Segundo a reportagem, há outra proposta de Blatter que ainda não foi aprovada: a chamada regra do "6+5". Ela exigiria que todos os times tenham, ao início de cada partida, pelo menos seis jogadores selecionáveis por seu país — ou seja, nascidos no país ou estrangeiros naturalizados que não tenham atuado com a seleção de seu país de nascimento.
Astros na Europa

Para se ter uma idéia, somente nesta temporada européia, os clubes espanhóis Real Madrid e Barcelona investiram mais de 460 milhões de dólares para contratar estrelas como o brasileiro Kaká, o português Cristiano Ronaldo e o sueco Zlatan Ibrahimovic. Enquanto isso, as transações nas ligas latino-americanas não chegam a superar 5 milhões de dólares.

"Por causa disso, devemos criar uma solidariedade, pensando que aqueles que têm mais deveriam compartilhar com os que têm menos. Mas isso é mais fácil de dizer do que de fazer", afirmou Blatter recentemente ao WSJ.

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