15 agosto 2008

CONSTRUÇÃO CIVIL - Selos verdes impõem desafios à engenharia

Fonte: PiniWeb

Construtoras têm dificuldades em entender o funcionamento das certificações sustentáveis e enfrentam problemas com clientes que desejam obter os selos.

Embora a sustentabilidade ganhe cada vez mais espaço no cotidiano do setor, as construtoras ainda estão tentando entender o funcionamento das certificações sustentáveis das edificações e enfrentando problemas com clientes que desejam obter os selos. Esta foi a conclusão dos participantes do I Ciclo de Debates e Painéis Temáticos promovido pela Anab-Brasil (Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica), realizada em 14 de agosto no Instituto de Engenharia.

Para Newton Figueiredo, presidente do Grupo Sustentax, um dos maiores problemas na obtenção das certificações é a falta de preparo de profissionais e também as re-adequações nos projetos. "Não são raras as vezes em que somos chamados para prestar consultoria e o projeto já está pronto", comenta. "Há uma inversão no procedimento", opina.

A gerente de projetos da Método Engenharia, Ana Rocha Melhado, concorda ao afirmar que a construção civil brasileira define o produto durante a execução ao invés de realizar o detalhamento do projeto antes de iniciar as obras. Outra questão apontada pela gerente da Método é que muitas vezes o investidor deseja o nível mais alto de certificação sem o conhecimento técnico necessário.
Apesar das dificuldades do setor, a engenheira Clarice Menezes Degani, pesquisadora da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), acredita que os atuais modelos de certificação - o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) e o Aqua (Alta Qualidade Ambiental) - acabam servindo de guia de boas práticas para a construção civil. "Os profissionais observam um requisito e percebem que é possível executar aquela medida sustentável", afirma. Clarice cita, como exemplo, o fato de o referencial técnico do Aqua possuir diversas referências bibliográficas.

A gerente da Método observou que o entendimento dos projetistas sobre os critérios do selo Aqua é maior que o do Leed. "O Aqua utiliza como base as normas brasileiras e há traduções das referências francesas. O Leed está atrelado a normas americanas e há uma barreira com a língua. Entretanto, o selo americano é renomado e os profissionais estão se qualificando", compara a gerente, que admite que o corpo técnico da construtora recorre às universidades para esclarecer diversas questões.

Outro ponto observado durante o encontro foi a preocupação quanto à proliferação do conceito de sustentabilidade e, conseqüentemente, de selos. Clarice foi categórica ao afirmar a importância da confiabilidade do organismo certificador e da própria metodologia. "O selo sustentável também pode gerar uma busca de pontuação elevada e não de soluções sustentáveis para as edificações. Ao invés de estudar e realizar medidas, as empresas buscam os pontos mais fáceis", finaliza a pesquisadora.
15/08/2008

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