Com essa proposta, um restaurante faz sucesso na Austrália.
O Lentil as anything, de Melbourne, na Austrália, adotou uma estratégia inovadora e ousada. Uma placa na porta convida os clientes a pagar o que acharem justo pelo que comem. A proposta tem dado certo e está atraindo a atenção e a simpatia de um número cada vez maior de clientes.
Difícil é entender o segredo dessa gestão inusitada. O cliente realmente paga quanto quer. 'Às vezes, as pessoas pedem uma sugestão de valor, mas nós não damos. Dizemos para elas estabelecerem o preço de acordo com a qualidade da refeição servida', diz Leandro Palacio, um dos responsáveis pela casa. No cardápio, nada de números. Para pagar, apenas uma caixa estilo cofre com um pedaço de papel escrito 'demonstre sua generosidade aqui'. O menu reforça a mensagem: 'Pague quanto você achar que sua experiência valeu!' Na prática, o cliente entra, pede a refeição, deposita o valor na caixa e sai. Simples assim.
Como se trata de um estabelecimento comercial, algumas perguntas surgem automaticamente. Como garantir o faturamento no fim do mês? E se os gastos forem maiores do que o faturamento? Por incrível que pareça, questões como essas não trazem preocupação. Segundo o idealizador, Tony Kenyon, quando as contas estão apertadas, os funcionários abrem o jogo. 'Explicamos para os clientes que estamos passando por dificuldades e pedimos que levem isso em consideração antes de sair do restaurante', diz. O recado produz o efeito desejado. 'A clientela normalmente é muito generosa. Além disso, gosta da nossa comida o suficiente para não deixar que a empresa feche por falta de dinheiro.' Segundo Kenyon, as pessoas pagam em média de US$ 10 a US$ 15 cada, quantia condizente com as despesas e também compatível com os preços praticados pelos estabelecimentos vizinhos. Mas é bem verdade que a renda oscila bastante e fica totalmente à mercê da generosidade alheia. Kenyon conta que há quem já tenha pago US$ 200 por um único copo de água e quem desfrute de uma refeição completa desembolsando US$ 0,50 . Em geral, um compensa o outro.
Outra curiosidade é o formato do negócio. Não existe um dono ou um grupo definido de sócios. Funciona mais como uma cooperativa, onde os 25 colaboradores têm participação nas decisões e compartilham dos mesmos valores e filosofias alternativas. Graças a essa característica e ao fato de não buscar lucro em primeiro lugar, o restaurante foi classificado pelo governo australiano como entidade sem fins lucrativos e está isento de impostos.
O conceito do restaurante, que mistura um pouco de hippie e esotérico, pode ser visto da gestão à culinária. Os pratos são vegetarianos e orgânicos e a decoração simples, baseada no ecologicamente correto e no que se considera 'energia positiva'. O clima descontraído e a localização estratégica, próxima de circuitos boêmios, garantem o movimento e fazem do restaurante um ponto de encontro.
28/08/2008
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