Fonte: Mundo do Marketing
Marketing bom para cachorro movimenta R$ 8 bilhões no Brasil por ano
Cães e gatos deixaram de ser apenas animais de estimação há um bom tempo e passaram a ocupar um lugar de destaque na família. Hoje, há quem dispense toda a atenção aos bichinhos, que muitas vezes fazem o papel de filho ou irmão. Especialistas entrevistados pelo Mundo do Marketing garantem que a humanização de animais é uma tendência forte, o que tem obrigado as empresas deste segmento a pensar com a cabeça no Marketing.
Normalmente, o perfil do cliente deste mercado é de pessoas que moram sozinhas, casais que optaram por não ter filhos ou até mesmo os que tiveram filhos que saíram de casa e buscam a companhia de um animal de estimação. Por isso, dão mais atenção ao pet e procuram satisfazer seus possíveis desejos. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfal Pet), o mercado pet no Brasil movimenta cerca de R$ 8 bilhões. Bom para as marcas deste segmento, que podem investir na forte expansão do setor. Para 2009, a expectativa é de que – mesmo com a crise – o mercado cresça pelo menos 3%.
O Brasil tem a segunda população de cães e gatos e perde somente para os Estados Unidos. São pelo menos 32 milhões de cães e 16 milhões de gatos. De acordo com a Anfal Pet, o país conta com pelo menos 100 mil pontos-de-venda de produtos direcionados aos bichos de estimação. Deste total, 40 mil são pet shops, lojas especializadas em oferecer produtos e serviços para animais de pequeno e médio porte. Em 2005, este número era de apenas nove mil.
Expansão
O forte crescimento do segmento de pet shops nos últimos anos indica uma mudança no mercado. O consumidor está disposto a oferecer mais do que alimentação e saúde para seus bichinhos. Hoje, existem empresas que oferecem tratamentos como escova de chocolate, cauterização, chapinha e ofurô para os donos que querem ver seus cães na moda.
Para promover esses serviços, as empresas do segmento participam de feiras e eventos para se aproximar tanto de profissionais da área quanto dos donos de pets. Um destes eventos é a Pet South America que começou na última quarta, dia 22, e termina hoje. Para este ano, a expectativa é de que a feira receba 22 mil visitantes, como explica a diretora-geral da NürnbergMesse Brasil, empresa que organiza o Pet South America, Ligia Amorim (foto).
O evento também conta com um congresso, que aguarda quatro mil pessoas para esta edição. “A crise não chegou a este mercado, que continua apresentando um crescimento positivo. E ainda há um grande potencial de expansão na área de serviços e acessórios”, diz Ligia em entrevista ao Mundo do Marketing.
Refeição saborosa
Aproveitando a demanda do mercado por produtos diferenciados para pets, a Bertin, grupo que atua nos segmentos de agroindústria, infra-estrutura e energia, criou – há pouco mais de um ano – sua linha de snacks e petiscos, a FunPet. Além de agradar cães e gatos, os produtos ainda trazem benefícios para a saúde dos animais, como melhoria dos pelos e do funcionamento do intestino.
“Há alguns anos, o mercado era mais voltado para a alimentação. Hoje, linhas de produtos de agrado, como bifinhos, petiscos e palitos crescem cada vez mais”, explica o gerente de Trade Marketing da Divisão de Produtos Pet da Bertin S.A., João Gandolfi, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Com o aumento do interesse por opções mais saborosas para os pets, marcas tradicionais como Whiskas e Pedigree, da Mars, também apresentam novidades. As marcas lançam periodicamente linhas com novas receitas, para garantir uma refeição mais gostosa e que ainda cuide da saúde dos bichinhos.
A nova receita de Pedigree, além de se preocupar em facilitar a digestão e promover a absorção de nutrientes, conta até com uma cobertura de molho de carne e nuggets para atrair consumidores que desejam oferecer uma alimentação diferente aos cães. Já os gatos podem contar com a nova linha Whiskas que vem com Delicrocs com coberturas especiais para agradar os bichanos.
Adotar é tudo de bom
Mesmo com tantas novidades no mercado de alimentação para pets, ainda há quem dê restos de comida para os animais. O hábito é mais do que uma economia, é uma questão cultural. “Hoje, o mercado tem rações com todo tipo de preço, mas infelizmente ainda existe um costume de dar aos cães restos de comida. O ideal é que o animal tenha uma alimentação balanceada”, diz Gandolfi (foto).
Outro problema quando o assunto são os pets é o alto nível de abandono de cães. Estima-se que sejam mais de 20 milhões no país. Pensando nisso, a Pedigree lançou a campanha “Adotar é tudo de bom”, nos principais parques de São Paulo, em parceria com a prefeitura da cidade. A marca espalhou 17 peças de mobiliário urbano em pontos de parada conhecidos como “Refresque-se”.
As peças pretendem fazer com que os visitantes se aproximem ainda mais dos três princípios da campanha, baseados na sensibilização e na conscientização para a causa dos cachorros abandonados, posse responsável de animais e apoio aos abrigos que resgatam cães e promovem a adoção consciente.
De olho no exterior
O tema abandono de pets também é debatido na Pet South America. Segundo Ligia Amorim, o mercado pet conta com dois extremos: os donos que cuidam e os que abandonam. “Existe aquele que se dedica a cuidar mais e aquele que acaba abandonando. Dificilmente isso ocorre por problemas econômicos. Normalmente, acontece por incompatibilidade na relação dos pets com membros da família, como crianças, por exemplo, ou quando o animal se torna violento demais”, explica Ligia.
Além de orientar profissionais, a feira busca mercados fora do país com interesse em comprar produtos brasileiros e empresários que queiram fazer negócios. O objetivo é trazer produtos ainda não fabricados no Brasil para melhorar a qualidade e a transferência de tecnologia.
Como segunda maior população de cães e gatos do mundo, o mercado brasileiro justifica o lançamento de produtos que também no exterior. Eventos como a Pet South America são uma boa oportunidade para que as marcas divulguem suas novidades. É o caso da Mars e da Bertin, que aproveitam o evento para apresentar seus lançamentos ao mercado. Para se aproximar do consumidor, a Bertin também patrocina o Agility, prova de habilidade e agilidade para cães inspirada no hipismo.
Novidades
Outra empresa que participa da feira este ano é a Queen Pet. A marca nasceu há um ano, quando Meggy Lopes Figger sentiu que o mercado brasileiro não oferecia opções de roupas para sua mascote Baby. Desde então, Meggy confecciona as roupinhas da Queen Pet. Para se destacar no mercado e surpreender os clientes, ela fez pesquisas em países como México, Espanha, Japão e Turquia e criou roupas comparáveis a grifes de luxo, como jaquetas de couro, macacões e capas de pele. Em média, cada peça custa R$ 65,00 e a empresa procura atender todos os tipos de raças e portes, com peças que vão do tamanho PP ao GG.
Já no Pet Center Marginal, os cães contam com tratamentos de dar inveja a qualquer humano, como Acupuntura, Fitoterapia, Aromaterapia e Banho de ofurô. Para a gerente de Marketing do grupo, Eugênia Fonseca, o tosador é uma espécie de cabeleireiro que cria uma relação de confiança muito grande com os donos dos pets. Além da divulgação feita nas lojas e do e-mail Marketing, a indicação do profissional é essencial para a escolha dos tratamentos.
Atualmente o destaque são tratamentos alternativos para cães e gatos como aromaterapia e florais, que prometem relaxar e combater o estresse dos bichinhos. Na Pet Center Marginal, o banho de ofurô não sai por menos de R$ 70,00 para cães de pequeno porte. Segundo Eugênia, os tratamentos podem chegar a valores bem mais altos, de acordo com a raça e o porte do animal. Pelo visto, o mercado pet não enxerga limites.