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Sustentabilidade, como já comentado na coluna anterior [link], é um conceito muito mais abrangente e, portanto, importante que a limitada vinculação a questões somente ecológicas. Costumo fazer um ‘exercício’ mental muito simples, que me permite identificar aquilo que considero com algum apelo sustentável: pensar no seu antagonismo direto. Muitas vezes me pego refletindo sobre determinada prática e penso que estou em frente a uma situação que considero INsustentável. Pois bem, me fica evidente que o caráter de manutenção da perenidade se faz preponderante para que possamos ter uma rápida e eficaz compreensão de que a prática em questão não considera sua própria manutenção no futuro, sem agredir alguma outra parte (seja ela a natureza, a comunidade, empresa, etc.).Por isso, gostaria de ter esse conceito (bastante simples) em mente para que possa evoluir em alguns exemplos e reflexões que tenho a respeito do tema. Desta forma, ‘fica a dica’: que nos apeguemos um pouco mais à epistemologia da palavra e menos ao significado que o mercado passou a dar, com vieses, em boa parte das situações, tendenciosos à atuação mercantil de diferentes partes interessadas.
Dito isto, hoje gostaria de colocar uma reflexão sobre a aderência deste perfil de conceito a uma sociedade como a brasileira. Ora, se estamos falando de sustentabilidade como um conceito carregado de um significado como perenidade, estamos falando, intrinsecamente, de longo prazo. E é justamente aí que entra uma de minhas preocupações.
Sabidamente, o Brasil é um país que vem de uma cultura inflacionária, onde empresas e pessoas se rentabilizavam, em muitas ocasiões, mais pelo ‘trabalho do dinheiro’ do que pela geração de valor empresarial através de produtos e serviços. Isso, naturalmente, trouxe consigo uma cultura de pensar muito mais no imediato do que naquilo que vem um pouco mais à frente. Acontece que percebo que isso se alastrou mais do que no ambiente de negócios. Isso passa a ser parte da cultura de um povo que, por educação/ensino (inclusive dentro de casa), tem dificuldades de pensar no futuro além das suas necessidades imediatas (que dirá de sua geração).
Alguns perguntarão: mas e isso não está mudando gradativamente? NÃO SEI. Explico o porquê.
A princípio, entendia de que este modelo mental de imediatismo seria uma questão de tempo, que alteraria à medida que o país evoluísse como um todo, a estabilidade passasse a fazer parte do nosso cotidiano, etc. Entretanto, tenho me deparado com artigos, palestras, livros, etc. analisando e trazendo informações sobre a chamada geração Y (da qual inclusive faço parte). Embora seja uma categorização e que, certamente, existem exceções em todo o tipo de perfil rotulado (como esse), tais estudos se concentram na grande maioria das pessoas de determinada geração. Pois bem. Basta que você faça uma busca rápida sobre características destas faixas etárias e encontrará questões como alta ansiedade, busca pelo sucesso rápido, impaciência em seguir alguns caminhos naturais para o êxito profissional, entre outras. Muitas destas características trazem intrinsecamente o significado do imediatismo nas relações e resultados alcançados por este público.
Paradoxalmente, vejo ainda um discurso importado, muito lindo, mas uma prática ainda muito distante das pessoas no que diz respeito ao real pensamento de longo prazo e, por conseqüência, respeito ao outro, às próximas gerações, etc.
Por tudo isto, fico então me perguntando se já atingimos (ou pior), se estamos no caminho de uma real alteração de modelo mental que possa representar uma autenticidade na maneira de pensar as coisas de forma sustentável. Se pensar sobre este viés, não vejo como tal transformação não passar pela educação. Educação esta que irá afetar, não somente o dia-dia das gerações que estão por vir, mas também a forma como tais gerações entrarão na vida adulta buscando um espaço profissional, seja em alguma empresa ou empreendendo alguma proposta que tenha em seu gênese e essência a sustentabilidade (não necessariamente esta de que tanto se fala por aí, mas aquela que possa trazer frutos para esta geração e para as próximas sem degenerar exponencialmente o valor de outras partes). É por estas e outras que acredito ser necessário sempre aquele processo adaptativo na hora de trazer um conceito criado, difundido e amplamente explorado em países com uma cultura bastante diferente da nossa.
Para concluir, deixo nesta coluna um vídeo que trata de criatividade e ensino, mas que, a meu ver, tem absolutamente tudo a ver com sustentabilidade, uma vez que traz uma ampla reflexão sobre o tipo de modelo mental que estamos desenvolvendo através do sistema de ensino que o ‘homem’ resolveu adotar como padrão:
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Quer dar uma olhada na primeira coluna? Só clicar aqui.
Fonte: Pensamento Verde
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